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TRANSFORMAÇÃO E PERMANÊNCIA BAIRRO DE MIRAGAIA

de Ana Costa, Ana Jordão, Bárbara Oliveira, Ivo Roberto, João Figueiras

Projeto

Tipo de Galeria

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CAAD-F II 2019-2020

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O carácter pitoresco e poético distintivo de Miragaia
levou-nos a deambular pelas suas ruas com um olhar
atento e de descoberta, fomentado pelos sucessivos
sentimentos que provocaram em nós. Cada esquina
é uma surpresa, cada casa é diferente da seguinte, e
a visão, enquanto sentido primordial, faz sobressair as
texturas e cores dos edifícios envolventes, remetendo
para um sentido háptico, muito característico deste
bairro. Apesar de “a real Veneza” como muitos dos seus
habitantes lhe chamam, se encontrar nos dias de hoje
num cenário de transformação e em parte entregue
ao turismo, Miragaia ainda possui um carisma que é
reconhecível, não só pela sua arquitetura, mas também
pela vivência diária de quem o habita.
Se numa primeira fase de abordagem ao bairro,
pretendemos explorar a Miragaia autêntica, repleta de
interações e essência histórica que ainda não se perdeu,
numa segunda fase, exploramos a ruína e a transformação
patentes ao bairro na contemporaneidade, bem como
a relação das pessoas com este novo contexto urbano
criado. Numa terceira e última fase realizamos um
conjunto de montagens com as quais pretendemos
mostrar a relação de contraste entre o presente e um
futuro utopico. A introdução do elemento texto, através
de poemas e citações que acompanham a fotografia,
para além de aproximar o formato ao de um jornal,
confere-lhe um certo caráter háptico e de aproximação
à experiência humana do bairro, narrando-a.
Miragaia caracteriza-se na atualidade pela introdução
de elementos ocasionais que criam ruturas no meio
urbano, interferindo neste contínuo contacto com o
passado e com a história, e redefinindo a necessidade
da tradição num desenvolvimento arquitetónico, cultural
e urbanístico. A sobreposição de um estrato temporal
utópico que propomos nas montagens efetuadas dá-lhe
um caráter quase palimpséstico, numa sobreposição de
fragmentos inspirados pelas montagens de Mies van der
Rohe e do grupo Lisbon Vertigo.
A montagem induz uma retórica sobre o espaço
construído em transformação, trazendo conexões
instantâneas de significado e novas temporalidades. O
método dialético de montagem através da justaposição
de diferentes edifícios da contemporaneidade
relacionam-se assim com a memória da cidade que não
é a memória consciente de nossas lembranças, mas a
memória inconsciente e profunda que surge quando
encontramos algo que nos interessa. Miragaia, onde as
pessoas vão e vêm, mas a essência mantém-se e o lugar
permanece.