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Uma outra leitura da Arquitectura através do olhar Fotográfico: a Narrativa Visual nas estações de Metro da cidade do Porto

de Paula Camilo

Projeto

Tipo de Galeria

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Dissertação

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Casa da Música

Homónima da obra mais signi cativa no entanto contorversa da iniciativa “Porto 2001 Capital Europeia da Cultura”, a estação de Metro da Casa da Música revela-se o re exo do arquitecto a quem devemos sua autoria, Eduardo Souto de Moura. Reconhecendo a dimensão e presença da obra de Rem Koolhas, procurou um desenho discreto e sem protagonismo no entanto capaz de se servir a interface de densos uxos urbanos que caracterizam as periferias da Rotunda da Boavista.

A pala tão característica desta obra responde a uma anterior ocupação ferroviária e a um território denso e ace- lerado. O traço simples revela-se calmo, sereno e capaz de tornar esta estação um ponto de refúgio da malha urbana desta área. A dicotomia entre a superfície e o subterrâneo procura valorizar a arquitectura que, através das entradas de luz natural tão características que se presenciam no cais, provoca um espaço naturalmente tenso e desprovido de interação ao ponto de trazer calmaria a quem aguarda a próxima carruagem.

A con guração desta primeira grande estação de Metro da Cidade do Porto revela a maneira como a própria cidade quer viver: reconhecendo a azáfama, depende e necessita de momentos de serenidade iluminados quer pelo sol, quer pelas linhas estilizadas de Eduardo Souto de Moura.


Santo Ovídio


Parte integrante de um eixo urbano de extrema relevância como a Avenida da República, a obra de Rogério
Cavaca revela-se apta para responder aos desafios propostos pela cidade de Vila Nova de Gaia, mais propriamente
a zona de Santo Ovídio. Uma peça arquitectónica que remata um fluxo automóvel incessante, colocando-
se sob a rotunda que compõe a sua denominação e dá início a um outro fluxo, de maior escala, como são
os acessos às autoestradas e que dão continuidade ao gesto linear com origem na portuense Ponte D. Luís I.

Composta pela simplicidade e frontalidade, deparamo-nos com dois pontos de entrada dispostos de uma forma
que torna a rotunda um elemento inerente a este projecto, conseguindo criar um espaço subterrâneo onde a
movimentação tão característica e até pertubadora desta rotunda nos consegue dar alguma liberdade. Porém, a
soturnidade do seu cais faz-nos procurar a luz e o frenezim, o que nos leva ao exterior, e, no entretanto, entre o
soturno e o luzidio, encontramos momentos de serenidade compostos por diferenças de cotas que nos isolam
quer do movimento quer da paz.


Não nos tornamos no isolado, mas no mínimo tornamo-nos no abstraído.


Parque Maia


Da autoria de João Álvaro Rocha, esta estação carateriza-se pela sua autonomia enquanto infraestrutura do Metro
do Porto. Localizada às portas da Cidade da Maia, estabelece a ligação entre o rural e o urbano, afirmando-se
como ponte num território onde a hierarquia e a estratégia de desenho não estão presentes e procura, através
da sua leveza e simultânea presença na paisagem urbana, dar entrada à Cidade. A sua perpendicularidade com
o eixo criado pela Nacional 14 cria um momento de tensão entre a estrutura e o território, dando o devido significado
à obra como estrutura de ligação urbana, sem se querer sobrepôr em relação ao próprio território.

Envolta numa paisagem verde contrastante com o conjunto de edifícios, a estação ganha autonomia ao se assumir
como estrutura e, antes de se demoninar de edifício, esta obra preza o conceito e função de ponte, onde
nela nada mais é relevante que a sua própria estrutura que se revela através da sua transparência e vigorosa
materialidade. Quem a percorre sente-se parte integrante da Cidade, abrigando-se mas simultaneamente expondo-
se às portas da urbe.

Tudo aqui é claro e evidente, presente e essencial.