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TRANSFORMAÇÃO E PERMANÊNCIA BAIRRO DE MIRAGAIA

de Ana Costa, Ana Jordão, Bárbara Oliveira, Ivo Roberto, João Figueiras

Projeto

Tipo de Galeria

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projectos Ensino

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O carácter pitoresco e poético distintivo de Miragaia levou-nos a deambular pelas suas ruas com um olhar atento e de descoberta, fomentado pelos sucessivos sentimentos que provocaram em nós. Cada esquina é uma surpresa, cada casa é diferente da seguinte, e a visão, enquanto sentido primordial, faz sobressair as texturas e cores dos edifícios envolventes, remetendo para um sentido háptico, muito característico deste bairro. Apesar de “a real Veneza” como muitos dos seus habitantes lhe chamam, se encontrar nos dias de hoje num cenário de transformação e em parte entregue ao turismo, Miragaia ainda possui um carisma que é reconhecível, não só pela sua arquitetura, mas também pela vivência diária de quem o habita. Se numa primeira fase de abordagem ao bairro, pretendemos explorar a Miragaia autêntica, repleta de interações e essência histórica que ainda não se perdeu, numa segunda fase, exploramos a ruína e a transformação patentes ao bairro na contemporaneidade, bem como a relação das pessoas com este novo contexto urbano criado. Numa terceira e última fase realizamos um conjunto de montagens com as quais pretendemos mostrar a relação de contraste entre o presente e um futuro utopico. A introdução do elemento texto, através de poemas e citações que acompanham a fotografia, para além de aproximar o formato ao de um jornal, confere-lhe um certo caráter háptico e de aproximação à experiência humana do bairro, narrando-a.

 

Miragaia caracteriza-se na atualidade pela introdução de elementos ocasionais que criam ruturas no meio urbano, interferindo neste contínuo contacto com o passado e com a história, e redefinindo a necessidade da tradição num desenvolvimento arquitetónico, cultural e urbanístico. A sobreposição de um estrato temporal utópico que propomos nas montagens efetuadas dá-lhe um caráter quase palimpséstico, numa sobreposição de fragmentos inspirados pelas montagens de Mies van der Rohe e do grupo Lisbon Vertigo. A montagem induz uma retórica sobre o espaço construído em transformação, trazendo conexões instantâneas de significado e novas temporalidades. O método dialético de montagem através da justaposição de diferentes edifícios da contemporaneidade relacionam-se assim com a memória da cidade que não é a memória consciente de nossas lembranças, mas a memória inconsciente e profunda que surge quando encontramos algo que nos interessa. Miragaia, onde as pessoas vão e vêm, mas a essência mantém-se e o lugar permanece.