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O conceito e a forma: Edifício da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

de Ana Costa, Ivo Roberto, Sara Di Masi

Projeto

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Campus Porto (centro)

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01. Antecedentes
A Faculdade de Letras do Porto, inicialmente designada por Escola do Ensino Superior para as Humanidades e Ciências Sociais, foi criada em 1919, e foi posteriormente extinta no ano de 1928, já como Faculdade de Letras da Universidade do Porto, retomando, 33 anos depois, a sua atividade. No diploma que recria o estudo superior de Letras foram-lhe atribuídas as “licenciaturas em História, em Filosofia e ainda o curso de Ciências de Ciências Pedagógicas”.
Progressivamente, foram-se alargando os curricula relativos aos cursos atualmente ministrados nesta instituição. Sendo certo que o processo fundacional se caracterizou por ser agitado e controverso, não menos o foi no respeitante aos espaços que sucessivamente ocupou, ate vir a dispor de instalações definitivas. Na verdade, passou por vários edifícios que foram utilizados a título precário. Tendo a Faculdade de Letras manifestado, de forma clara, o seu desagrado perante a eventualidade de se localizar no Campus Universitário da Asprela, na freguesia de Paranhos – tal como previsto no Plano Diretor da Cidade do Porto, da autoria de Robert Auzelle, aprovado em 1962 – foi necessário aguardar pela reforma das instalações da Universidade do Porto, promovida pelo seu Reitor, Professor Armando Campos e Matos.
Expressando a vontade das várias Faculdades que não aceitavam a sua deslocalização para o chamado Polo 2, foi acordado com o Governo e a CMP, a criação de três Polos universitários, permanecendo algumas das Faculdades na área histórica da cidade. Outras deslocaram-se para um núcleo relativamente próximo, o Polo 3, cujo Plano Geral foi iniciado em 1980, a abranger a área compreendida entre a Rua do Campo Alegre e a Ponte da Arrábida, já ocupada pelo nó de acesso da ponte ao centro da cidade.
Tudo decorria num momento em que se avaliavam os aspetos negativos decorrentes da deslocação das universidades para zonas suburbanas, inclusive quando o seu regresso aos núcleos históricos já estava a ser posto em prática em algumas cidades da Europa, que apostavam na renovação dos centros urbanos. Por isso, foi feita de imediato uma tentativa para desenvolver um eixo “universitário”, de orientação nascente poente, com início na Praça Gomes Teixeira e final no Jardim Botânico, instalado na antiga casa Andersen, em frente à Rua António Cardoso. A própria Faculdade de Letras já tinha ocupado diversos edifícios ao longo daquele percurso (antiga Faculdade de Medicina, Seminário de Vilar e Complexo Pedagógico na Casa Burmester).
Embora o PDM de 1962 já previsse uma ligação da VCI a Rua D. Manuel II, o novo estudo baseava-se numa alternativa promovida posteriormente pela Direção Regional de Urbanização do Norte, do Ministério das Obras Publicas. Tinha por objetivo a realização de uma via de entrada na cidade, com início no topo norte da Ponte e chegada à Praça da Galiza, o que daria lugar à expansão da malha urbana desde a Rua D. Pedro V até à Via de Cintura Interna, integrando todo um território “esventrado” pelos diversos lacetes que ainda compõem o nó. Face a interesses instalados e a compromissos já difíceis de alterar, foi gorada essa hipótese. Como consequência, os espaços a ocupar remeteram-se para as áreas residuais, isoladas umas das outras pelo traçado das vias de sentido único, destinadas exclusivamente a tráfego motorizado, sem que dai resultasse uma superfície suficientemente dimensionada para acolher, entre outras, as novas instalações da Faculdade de Letras.
As inúmeras dificuldades levantadas para situar o futuro edifício não foram suficientes para demover a firme determinação do Vice-Reitor, Professor Horácio Maia e Costa, em encontrar um local com as condições adequadas. Uma vez consideradas várias hipóteses, entre as quais figurava agora a Quinta de Serralves, e ultrapassados obstáculos de varia ordem, foi possível aprovar o alargamento ou “Expansão do Polo 3”, para nascente.
O vasto terreno que veio a ocupar, delimitado, em grande parte, pela Rua da Pena e pelo lanço final da Via Panorâmica junto a Rua do Gólgota, também foi objeto de um Plano de Pormenor iniciado em 1983. No âmbito do reajustamento do Plano Geral, foi previsto que construção a implantar neste novo sector teria uma capacidade de 3.500 alunos e ocuparia aproximadamente uma área coberta de 14.000 metros quadrados, restando ainda um espaço livre, suficiente para permitir uma expansão equivalente a 50% da superfície inicialmente calculada.     

 

 


02. O programa
Estabelecida a sua localização e reajustado o Plano, foram elaboradas – colegialmente pelos representantes dos diversos departamentos da Faculdade de Letras – as premissas que sustentaram o programa para as novas instalações. Para efeito do dimensionamento prévio do edifício, tendo em conta aqueles pressupostos, foi utilizado um método de gestão de espaços recentemente aplicado no Reino Unido, em circunstâncias similares.
Assim, foram considerados diversos fatores, a saber: o processo de ensino então praticado, o magistral; os curricula de cada área disciplinar; o número de alunos e respetivos tempos de ocupação; o acervo documental; o elenco de docentes; o pessoal administrativo e auxiliar; as tipologias dos espaços; o uso previsto para cada um e o equipamento necessário.
 No Programa Base apresentado na fase inicial do projeto, com data de 1986.12.20, encontra-se sistematizada toda a informação anteriormente proposta por aquele grupo de trabalho, assim como o inter-relacionamento dos espaços e o respetivo dimensionamento. O referido documento, assente nos dados recebidos pelo projetista, através do colégio de representantes da Faculdade, foi submetido à Reitoria, o qual mereceu a aprovação após consultada aquela instituição.
03. Referências
Havendo já uma localização pré-determinada, com um contexto específico (natural e humanizado), faz parte daquele mesmo documento uma reflexão sobre as características históricas, morfológicas e ambientais do lugar. Evidenciam essa preocupação as citações textuais extraídas da “Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto” e da obra do romano Vitrúvio. Do primeiro, e em relação às características ambientais recordamos: “Enfim, se o clima desta cidade não é o mais sadio de todo o reino ele não é dos mais perniciosos, se assim não fosse não se multiplicariam nas suas vizinhanças as muitas e belas quintas que a rodeiam e fazem um paraíso delicioso, ou Primavera continua… Muitas destas quintas dilatam-se por Massarelos, Vilar e Cedofeita. Raríssima haverá da qual não se goze vista do rio e mar”. Já do segundo extraiu-se uma associação entre o símbolo da sabedoria, a deusa Minerva, a Atena dos gregos, e o modo de implantar os templos a ela dedicados, neste caso simbolicamente figurado pela Faculdade, em especial pela sua biblioteca, que se entende como um dos núcleos geradores da modelação dos espaços do edifício.
Tratar-se-á de uma celebração do espírito do lugar, em que, para além dos seus atributos naturais, as humanidades são evocadas através da simbologia da antiguidade clássica. Deste quadro de referências e de um certo encantamento do lugar, faz parte o ambiente cromático e a luminosidade própria da orla do extenso vale que vai abrir-se, a jusante, sobre o oceano onde o rio desagua. Ali são frequentes os tons cinzas proporcionados pelas brumas espessas que se confundem, alternadamente, com os rosados da aurora ou do ocaso, desvanecendo-se ao longo do dia para os azuis do firmamento e os dourados da luz solar, próprias destas paragens, aspetos que podemos encontrar inúmeras vezes registados na obra do mestre Júlio Resende.
04. Ocupação do solo
O facto de o terreno se situar sobre limite sudeste da plataforma que se estende desde a Boavista até ao Campo Alegre, encaixado entre os festos da Pena e do Gólgota, mesmo sobre o início da encosta sobranceira à margem norte do Rio Douro, confere-lhe uma morfologia peculiar. Daí resulta, entre outros aspetos, uma transição quanto ao modo de ocupação do solo, que se pauta na direção norte por uma grande densidade de malha edificada e por extensos alinhamentos a face dos traçados viários.
Pelo contrário, na encosta, a sul, a fixação e dispersa e quase aleatória, apesar desta se encontrar em processo de alteração, graças aos empreendimentos que ali presentemente se vão erguendo. Deste enquadramento ressalta uma variação das amplitudes do campo visual, ou seja, na direção do rio ele e vasto ou profundo, enquanto para o lado oposto se torna mais contido ou confinado. São fatores que contribuíram para sugerir uma modelação diferenciada das massas volumétricas, conforme se expõem ao observador e se relacionam com o desenho urbano próximo. Naquele momento, também se associou a remota possibilidade de estabelecer uma ligação franca na direção da Praça da Galiza.

 

 


05. A modelação e o programa
A noção clara desta complexidade de circunstancias, inerentes ao local e ao programa, traduziu-se no processo de materialização dos espaços livres e edificados, o qual se configurou do seguinte modo: – sobre a encosta, distribuem-se sucessivamente varias torres, sobressaindo a da biblioteca, as quais abrem sobre o pequeno vale do Gólgota, destacando-se de um extenso corpo predominantemente horizontal, a abraçar aquele conjunto e a demarcar o vasto corredor cujo alinhamento previsto se integraria na restante malha urbana, a estender-se na direção da Boavista e da Praça da Galiza.Os diversos volumes interligam-se, a vários níveis, por galerias entreabertas assentes em plataformas desniveladas segundo as pendentes, delimitando conjuntamente pátios, com geometrias e superfícies diferenciadas, de onde se adivinha o vale adjacente; a constante alternância entre os espaços livres e construídos, que seria acentuada por um notável arranjo paisagístico não concretizado, apela a perceção do lugar, tanto pelas suas vertentes naturais, como pelas humanizadas; – graças ás tonalidades naturais empregues no revestimento exterior e interior, ora de predominância ocre, ora de oxido de ferro ou ainda de cinza, esta ultima bem presente na luz portuense, estabelece-se um dialogo com o contexto cromático, rico e delicado, próprio do vale do Rio Douro que neste trecho final se manifesta de modo inconstante, pleno de alternâncias surpreendentes; – a coloração das superfícies edificadas, tanto exteriores como interiores, tem um envolvimento direto na modelação espacial, participando de modo ativo na dinâmica cromática do meio.
A aplicação da “lei de Albers”, torna-se aqui uma evidência, variando a presença e destaque dos diversos volumes de acordo com a tonalidade dominante do ambiente, compartilhando o protagonismo da definição formal com as sombras, próprias e projetadas, através do uso de mesclas de cores, padronizadas segundo geometria única, distribuídas sobre fundos dominantes, proporcionam-se índices de perceção cromática, variáveis conforme o grau de proximidade do observador. No conjunto dos espaços não prevalece um ordenamento formal determinado pelas leis da perspetiva, onde impera o ponto de fuga e a linha de horizonte. As diagonais, as superfícies curvas e as demarcações de desenvolvimento vertical, tanto interiores como exteriores, contrariam-na regularmente num processo que a torna menos impositiva nas sequências visuais, sejam elas estáticas ou em movimento. Através da representação altimétrica dos espaços, cortes e alçados, não é possível visualizar por inteiro as diferentes faces do conjunto, segundo as orientações convencionais, N-E-S-W, o que denota um processo de pesquisa onde é menos valorizado esse procedimento secular.
Tendo em atenção os inúmeros espaços vazios, os pátios interiores e exteriores, com pronunciado desenvolvimento vertical e transparência, apercebemo-nos de que eles emergem de um outro pressuposto conceptual, o de atestar, de modo insistente um sentido de comunidade e gregário a instituição, que oferece licenciaturas, mestrados e doutoramentos em diferentes áreas.
Efetivamente, a necessidade de distribuir os espaços letivos por vários pisos e a diversidade curricular oferecida, quando encerrados em contextos estanques, iriam gerar o sucessivo isolamento de cada sector e pôr em causa o espírito de academia, além de desperdiçar a vantagem decorrente da interdisciplinaridade e da convivialidade que valorizam o âmbito conhecimento. Tal intenção constituiu uma oportunidade para abordar arquitetonicamente a questão “confucionista”, vertida para um dos atributos formais mais determinantes na definição do espaço: a ambiguidade existente entre o vazio ou a sua materialidade envolvente (positivo versus negativo). Saliente-se ainda o facto de, numa parte do edifício, ter sido suprimida à demarcação habitual entre cobertura e paramentos de fachada. Continuidade entretanto desaparecida, devido a um desvio grosseiro, quanto ao modo de construção previsto, o qual se traduziu em danos diversos, entre os quais os resultantes na expressão plástica do edifício, agora patenteando uma separação clara.

 

 

 

06. A acessibilidade
Constituindo a Via Panorâmica e a Rua do Campo Alegre os principais eixos de aproximação, conjuntamente com a Rua Gonçalo Sampaio, a entrada principal fica situada na vizinhança do seu ponto de encontro, embora desnivelada em relação à cota média daqueles arruamentos. Constitui uma alternativa àquela que foi prevista inicialmente no Plano Geral do Polo 3. De facto, neste momento, faz sentido mencionar tal intenção, uma vez que integrava o edifício numa malha mais vasta apoiada em equipamentos comuns a todas as faculdades situadas neste Polo e determinava aspetos de conceção e desenho dos quais a construção ficou amputada.
Previa-se um percurso nivelado ate à Faculdade de Letras, com origem na RCA, junto do núcleo de equipamentos comuns de apoio a todas as faculdades ali sedeadas, onde convergiriam também os transportes coletivos, alem de um tramo final, lançado em viaduto, sobre a via direcionada a Praça da Galiza. O seu traçado, exclusivamente destinado a peões, constituía uma radial do tramo curvo da construção que era por ele cruzado, para terminar na torre intermédia, sobranceira a Rua da Pena. Este acesso era acolhido no único nível que abrange a totalidade do edifício. Perante a rejeição deste conceito integrador das várias instituições, ainda se avançou outra hipótese de aproximação àquela Faculdade, novamente em viaduto, agora a partir do cruzamento da Rua do Campo Alegre com a Rua Gonçalo Sampaio, a qual, por sua vez, se viu gorada perante a desistência de estabelecer a ligação à Praça da Galiza.
07. A inter-relação espacial
Estão patentes na organização e distribuição dos espaços dos diversos sectores, tanto os níveis de proximidade preferencial definidos no programa, como a aplicação de um critério de permeabilidade de acessos, dirigido a visitantes e utilizadores, de acordo com os graus de privacidade e de segurança necessários ao desempenho eficaz das diversas atividades em causa (livre, condicionado e restrito). Isto sem prejudicarem o contexto conceptual mais alargado, entretanto referido.
Anexo ao portal de entrada, o átrio principal contacta diretamente com as áreas destinadas ao livre acesso, ao uso comum e aos espaços de convivialidade, como a cafetaria, a esplanada, o auditório principal e a receção da biblioteca. Aquele ponto de distribuição, também confina com um dos pátios interiores, de onde se apercebem, de imediato, dois auditórios e os diversos pisos em que se desenvolve a construção. A ele adossado, junto ao paramento curvo, desenvolve-se um pátio exterior de forma triangular, delimitado por duas galerias convergentes, e que acolhe uma estrutura metálica de grande transparência, servindo simultaneamente de quebra-luz e de bancada destinada a espetáculos de ar livre. Estranhamente, este equipamento – confinado por elementos arquitetónicos constituídos por fachadas equivalentes as demais, mas que configuram cenários – praticamente nunca foi utilizado, apesar das excelentes condições ambientais de que dispõe.
08. A biblioteca
Considerada pela instituição, a data da realização do projeto, como o repositório por excelência de um vasto acervo de conhecimento, a biblioteca veio, por isso, a ficar situada num ponto estratégico relativamente ao edifício e à envolvente externa.
Distribuída por diversos pisos, a sua forma não escapa à influência literária de Humberto Eco e Jorge Luís Borges. Embora faça parte dos espaços de uso condicionado, confina com outros de livre acesso, distribuídos em torno da área de acolhimento, podendo no seu conjunto constituir uma forma de apoio explícito à comunidade exterior, sem perturbar o funcionamento dos restantes sectores do edifício.
Perante o auxílio que pode disponibilizar, situaram-se nas suas imediações o auditório principal e o Centro de Recursos Educacionais. Este último, inexplicavelmente, jamais foi objeto do uso previsto. O conjunto das áreas programáticas da biblioteca, com exceção dos serviços técnicos, dispõe-se em torno de um saguão central, onde se desenvolve uma extensa escada helicoidal, simbolizando a profundidade e o infinito alcance do conhecimento. Já os vãos, abrindo sobre a encosta modelada pela linha do talvegue apontado ao rio, convidam a contemplação serena e reflexiva, proporcionada por uma paisagem de rara beleza. Encimada por uma imensa entrada de luz tripartida, e recoberta por um terraço acessível, de onde se usufrui aquela mesma panorâmica, em condições de grande atratividade que, até agora, foram praticamente ignoradas.

 

 

9. Outros espaços e seus atributos
Através de duas amplas escadas de segurança alcançam-se os pisos superiores, onde se encontram os espaços letivos, ladeados por um extenso corredor, que é rematado no topo por um tramo curvo, cuja expressão é bem mais acentuada no último andar, ocupado pelos espaços laboratoriais. O efeito de surpresa e de descontinuidade são atributos destes acessos de prevalência horizontal, que nos extremos interligam com as galerias exteriores e sucessivos pátios, cobertos ou ao ar livre.
Nos primeiros, a fenestração das paredes interiores replica as restantes fachadas do edifício, contribuindo para a ambiguidade da definição espacial das três pequenas praças cobertas, que apelam ao encontro, a comunicação e ao debate dos resultados da produção intelectual gerada em ambiente académico. A fusão entre os processos de modelação arquitetónica e a oferta de condições de sociabilidade e comunicabilidade presencial estão presentes em inúmeros locais do edifício, fatores hoje em dia muito valorizados, devido ao tendencial isolamento físico gerado pelas tecnologias informáticas, que não podemos dispensar. Pode-se anotar que a importância daquela abordagem se tem, alias, enfatizado ao longo dos tempos, uma vez que as relações entre o Homem e os espaços de convivialidade constituem uma constante da sua existência.
Tido como o centro nevrálgico, norteador da atividade da instituição, os espaços afetos a Direção ocupa parte de um piso, que assenta sobre a cafetaria, em contacto visual com a biblioteca e em ligação direta com o terraço que a recobre. Aquele sector interliga com uma área de convívio exclusiva ao corpo docente que se encontra apoiado por uma ampla galeria abobadada, cujas características se aproximam ás de uns “espaços perdidos”, francamente iluminados pela luz natural, e que apelam a um uso informal e ao relaxe, em quaisquer condições climatéricas.
10. Adaptabilidade
Mais uma vez, a oferta de espaços proporcionada vai ao encontro da variabilidade do tempo de permanência dos utilizadores na Faculdade. Verifica-se, hoje em dia, uma tendência para uma menor presença dos alunos, devido a redução dos tempos “magistrais” e um pendor para uma estadia mais prolongada dos docentes em investigação e apoio tutorial, como já vinha ocorrendo noutros países a data do início dos estudos e projetos. Isto, porque os parâmetros que foram inicialmente definidos no Programa, quanto a distribuição do corpo docente, encontram-se hoje em evolução. Para fazer face a eventuais mudanças, foram previstas (designadamente no sector letivo), conforme recomendações de centros de pesquisa sobre espaços destinados ao ensino superior, condições de flexibilidade construtiva que permitem reposicionar divisórias e, assim, redimensionar as salas para corresponder a novas solicitações ou condicionalismos.
Finalmente, as instalações de apoio técnico e logístico ficaram localizadas ao nível da Rua da Pena, a partir da qual se faz o acesso através de um pátio exterior, com que confinam em grande parte.

 


11. Transformações
Perante a implementação global do Polo 3 – bastante díspar dos objetivos iniciais, onde os equipamentos de apoio logístico seriam de uso comum – foi necessário encontrar respostas pontuais para cada uma das instituições, o que se repercutiu na necessidade de reordenar os espaços situados a nascente da Faculdade. Em tais circunstâncias, tornou-se inevitável estabelecer ligações com a malha urbana que se estende desde a Rua da Pena ate a Praça da Galiza. Embora de modo comprometido, por todas as constrições entretanto constituídas, não seria possível implantar ali os equipamentos necessários.
Naquele espaço residual, inicialmente previsto como área de ampliação do edifício, foi implantado um complexo edificado que alberga um parque de estacionamento coberto, uma cantina, uma cafetaria e uma residência para estudantes. O conjunto de infraestruturas necessárias a utilização das novas instalações, que se apoiam nos velhos arruamentos da Pena (rua, travessa e rampa), articuladas com a servidão disposta ao longo da fachada norte da Faculdade, permitiu estabelecer uma malha de vias de secção reduzida, em regime de acesso condicionado. No entanto, e apesar das condições de inserção na estrutura viária, a nascente do Polo 3, não serem as mais favoráveis, ficou em aberto a possibilidade de futuramente vir a ocorrer uma melhor integração no restante tecido urbano.