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Uma Abordagem Visual Ao Espaço Arquitectónico

de João Paulos

Projeto

Tipo de Galeria

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O objetivo deste trabalho é desenvolver um caso de estudo onde se tenta aplicar o que vem sendo estudado nesta tese através de um projeto fotográfi- co sobre duas estações da rede do Metro do Porto. Partindo de um exercício de pesquisa sobre o espaço, pretende-se rematar o processo de registo, sob meio de fotografia, desses espaços de estação de metro, normalmente espaços de passagem, ou de curta permanência. Pretende-se, com estas capturas, dar conta das diferentes dinâmicas destes espaços, assim como os vários tipos de apropriação que, dado as diferentes localizações, acontecem em cada uma delas.


A cidade está em constante evolução, em constante movimento. É feita disso. De fluxos, de públicos diversos e de velocidade. O sistema metropolitano vem, ainda mais, enfatizar e evidenciar essas características. Com a introdução dessa rede de transporte pela cidade, é também necessária a construção de diversos espaços – públicos – que vêm mudar e/ou criar novas maneiras de estar na cidade. “O metropolitano, por exemplo: em lugar de o ‘enterrarmos’ vivo, podemos dar um cunho tal a uma sua estação que a sua forma sugira a natureza da cidade que por cima dela existe; (...)”. O metro do Porto é, maioritariamente, caracterizado pelas estações de superfície, o que implica um plano de urbanização ainda mais cuidado e pensado, para que permita à cidade a continuidade do seu crescimento e evolução, sem barreiras, sem limites.


Esta série de fotografias que se apresenta de seguida pretende mostrar, não só os espaços públicos que essa rede introduziu na malha da cidade, mas dar conta da apropriação, dos rituais, da vida que existe nesses espaços. Efetivamente estes registos vão retratar a forma da obra, mas principalmente vão retratar a forma como esses espaços são apropriados. Apoiada “nas arquiteturas” que ali foram desenvolvidas, a vida nesses espaços deixa-se contagiar pela sua envolvente e posterior obra ali erguida, e vice versa. “É possível delinear um caminho de tal forma que o próprio fluxo se torne sensorialmente evidente: divisões, estreitamentos, rampas e curvas permitiriam como que uma contemplação do transito por si próprio. Todas estas técnicas destinam-se a aumentar o alcance visual daquele que se desloca.”Também a arquitetura é contaminada por esses rituais, e muitas vezes vencida por eles. As pessoas apropriam-se desses espaços que foram projetados para elas, mas, muitas vezes, não da maneira que foi idealizado pelos arquitetos. Além disso, o lugar onde é inserida essa arquitetura vem influenciar esses modos de apropriação, isto é, consoante o seu posicionamento urbano, os utilizadores terão tendência a experimentar esses locais de ma- neiras diversas, resultando em histórias diferentes.

 

Para dar forma a essa história, optou-se por escolher as estações de Verdes, na Moreira da Maia, e de General Torres, em Vila Nova de Gaia. A escolha destas duas estruturas recai principalmente pelas grandes diferenças que revelam relativamente à sua inserção urbana. Embora as duas estações se apresentem, formalmente, de forma muito semelhante, através de uma tipologia de arquitetura que é repetido pelas várias estações de superfície da rede de metropolitano, as duas acabam por ser entendidas de maneira completamente diferente. A estação de Verdes está inserida na periferia da cidade do Porto, junto ao aeroporto e numa zona industrial, no entanto, a sua envolvente é, predominantemente, verde e rural. A de General Torres encontra-se no centro da cidade de Vila Nova de Gaia, na sua avenida principal, apoiada pela estação de caminhos de ferro do mesmo nome, delimitada por vias rodoviárias e edifícios de habitação e comércio. Isto faz com que, cada uma delas, dado os fluxos e as estruturas que as rodeiam, acabem por ter, também elas, cursos, percursos e passageiros diferentes.

 

Esta sequência de fotografias tem como finalidade configurar uma narrativa visual que sustente o que foi retratado, tanto neste documento, como no trabalho dos dois fotógrafos em estudo. Ora, pretende-se expor um relato visual, capaz de disseminar as vivências que ocorrem nestes locais tão distintos, imergindo o espectador numa viagem por essas estações de metro, estimulando o seu sentido crítico para com a arquitetura representada, e induzindo-o num momento de introspeção sobre a sua realidade. A narrativa, que se apresenta em seguida, tem como estrutura e base os seguinte pontos: a apropriação do espaço pelos seus utilizadores; as semelhanças, mas que ao mesmo tempo se apre- sentam como diferenças, entre as duas estações; o mesmo tipo de arquitetura utilizado em dois contextos diferentes e um olhar explorativo e artístico sobre as estações de metro do Porto, através de tomadas de vista e de uma estratégia visual que remete para, exatamente, esse confronto entre a periferia e o centro e que se reflete na arquitetura destes espaços.