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Entre Serenidade e Sedução

de Ana Catarina Dias, Cláudia Santiago, Cristiana Fulgêncio, Sofia Castro, Tatiana Moura

Projeto

Tipo de Galeria

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Situada na zona oriental da cidade do Porto, a Faculdade de Belas Artes ocupa um antigo palacete do século XIX que possui uns jardins onde se construíram, nos anos 50, edifícios de interesse arquitetónico, especialmente concebidos para o ensino das disciplinas tradicionais das Belas-Artes. Atualmente, o intercâmbio entre instituições de ensino artístico europeias e a Faculdade de Belas Artes é intenso e continua a crescer tanto ao nível da mobilidade de estudantes como de professores. É com base nisto que gostaríamos de dar a ver a faculdade, ou seja, “traçar um caminho” para que quem seja de fora a possa conhecer no seu todo.

O trabalho inicia-se com a relação entre os jardins e os edifícios, que através dos seus planos transparentes, permitem estabelecer uma ligação entre o exterior e o interior. Passando, posteriormente, para um ambiente mais interior onde pretendemos dar a ver a atmosfera que existe na Faculdade de Belas Artes: desordenada, mas ao mesmo tempo interessante, uma vez que transmite, de certo modo, as emoções dos artistas ao criarem as suas obras. A presença da figura humana também é outra questão relevante, pois dá a entender como é que o espaço pode ser apropriado. A apropriação através da movimentação física dentro dos espaços deu origem ao título “Entre Serenidade e Sedução”. Com base nas teorias de Peter Zumthor sobre atmosferas arquitetónicas, percebemos que a arquitetura é espacial e temporal, sendo vivida no espaço e no momento. A experiência é feita do encontro com pontos de tensão que nos conduzem ou seduzem a percorrer um certo caminho. A arquitetura é uma “encenação” produzida pelo arquiteto, através de jogos de luzes, texturas, cores, sons, etc.

Desta forma, inspiramo-nos no portefólio de vários fotógrafos. Por um lado, escolhemos o Pedro E. Guerrero e Kim Zwarts, porque representam a ordem na arquitetura, sendo que esta aparece muitas vezes sozinha de forma ordenada e clara, ou com presença humana para dar escala e contexto. Para além disso, Guerrero tem coleções onde relaciona a arquitetura, o ser humano e a arte plástica, o que também é interessante para o nosso estudo, tendo em conta o centro de interesse da faculdade escolhida, as belas artes. Por outro lado, Jeff Wall que capta situações de desordem com recurso à cor como forma de representar emoções humanas em ambientes do quotidiano e utiliza a figura humana para retratar situações hipotéticas e encenadas.

No trabalho pretendemos criar uma narrativa visual que contraste a ordem com a desordem do local tratado. O nosso objetivo é dar a conhecer tanto o lado claro, volumétrico e quase monocromático da arquitetura, como um espaço asséptico. Contudo, também tencionamos captar a perspetiva texturada das pedras, da vegetação e dos ateliers de trabalho, que têm cenários completamente desordenados e coloridos. Estes locais são apenas vistos como locais de trabalho, escondendo-se atrás do resultado final, a obra de arte plástica, mas podem ser interpretados pelas emoções que transmitem.

Com recurso às diversas escalas fotográficas, criamos composições que, através de aproximações, movimentos, repetições e ângulos, procuram retratar e clarificar a nossa intenção para esta narrativa, tornando-a numa sequência lógica e coerente. Estas escolhas foram impulsionadas pelas sensações que pretendemos expressar e que o próprio espaço transmite.