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PERMEÁVEL

de Ana Andrade, Beatriz Gonçalves, Jéssica Teixeira, Rui Ramos, Sofia Santos

Projeto

Tipo de Galeria

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O trabalho assenta na exploração de uma narrativa visual do espaço da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, na relação com o Jardim Botânico do Porto. Trata-se de um complexo em contexto de cidade, que é apartado por uma rua, sendo que é o edifício mais a poente que partilha de uma relação direta com o Jardim Botânico. Também o complexo a nascente vive de uma forte afinidade com a sua própria natureza, comum a toda a área dos espaços exteriores e acentuada no seu perímetro, na separação entre edifício e cidade.

A escolha da unidade orgânica foi condicionada pela correlação existente entre cidade, natural e edificado, que se pretendia explorar. Por outro lado, foi também alvo de estudo o contraste entre a relação cidade/edifício filtrada e intercedida pela natureza construída, e a relação cidade/edifício despida dessa filtragem, a partir de uma estratégia de separação

de planos, como que os sobrepondo em camadas distintas. Isto convoca aquilo que seria a convivência da cidade/edifício sem um horizonte próprio, que lhe atribui valor visual e conceptualmente.
Acresce, ainda, o facto de este contacto entre cidade e unidade orgânica ser fortemente quebrado pela vegetação, no sentido em que a descoberta de um fator pelo outro se faz de uma forma mais calma, mais subtil e delicada, em oposição à mesma descoberta, feita no mesmo ambiente, mas despido do fator natureza, o fator permeável, que também permite essa descoberta, retirando-lhe a insignificância de se fazer sem confidência e reserva.

Durante a promenade arquitetónica, explorou-se esta dialética, através de estratégias de colocação de câmara e disposição de planos. Também através de diferenças de luz, sombra e estratégias de edição, nomeadamente de desfocagem, inversão do valor cromático, contraste, movimento e sobreposição, se explorou a visão do edifício para a sua envolvente naturalizada e vice-versa. Ainda no decorrer da promenade, objetivando demonstrar com clareza essa dialética, foram privilegiados os momentos de comunicação mais fortes, nos quais os intervenientes são o reflexo uns dos outros, interpretação levada à letra na captação de alguns desses momentos.

No que diz respeito às estratégias de edição, numa fase posterior à promenade, ainda que,
no seu decorrer, estas intenções já estivessem presentes, foram estabelecidos critérios permissores da comunicação de uma intenção. Ambicionando a criação de ambientes menos reais e mais diversificados, dentro do universo dos indivíduos que experienciam o espaço, manipularam-se as imagens com jogos de movimento e desfocagem. Também o confronto de dois olhares, em direções diferentes, mas complementares, foi intenção viabilizada por reflexos e sobreposições. Assim se criou a narrativa e se intensificaram as intenções que lhe deram origem.

Teve-se como referência Virgílio Ferreira, por usar, como ambicionado pelos objetivos deste trabalho, a sobreposição de imagens, a reflexão por omissão do que se pretende captar, jogo de movimentos, desfocagem e inversão do valor cromático das imagens. Também André Cepeda é referência da presente narrativa visual, por trabalhar a envolvente natural com destaque através de estratégias de proximidade e afastamento da lente e enquadramentos semelhantes aos pretendidos. Por outro lado, complementaram-se as suas estratégias, com as de João Margalha, que também explora questões associadas à envolvente natural, jogando com a posição e sobreposição dos planos na fotografia. Para os contrastes idealizados, Heléne Binet foi a referência. Teve- se o seu trabalho de contraste luz/sombra como mote para a edição e exploração desta estratégia.

Como resultado, a narrativa visual é consequência de uma sucessão de imagens organizadas pelo percurso estimulado, unicamente, pelo ambiente e pelas características que lhe são próprias. É também resultado da aplicação das estratégias apropriadas de trabalhos com objetivos semelhantes, através da sua exploração e trabalho de adequação ao caso de estudo.